"Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára"

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Modos de Comunicação e Relações Familiares entre Escravos no Brasil do Século XIX

“Na rua da Consolação 72, há 38 peças para vender [...] todos bonitas peças. Vende-se barato para liquidar.”

(Correio Paulistano. 9 de maio de 1880)

“Escravos bons: Vende-se três excelentes escravos, sendo: um moleque de 16 para 17 anos de idade, bonita figura, outro de 35 anos, habilíssimo, destro de serviço de lavoura e uma creoula de 14 para 15 anos, bonita estampa.”

(Correio Paulistano. 9 de maio de 1880)

“Muita atenção. Vende-se uma elegante e bonita mucama recolhida e de casa particular que tem muitos préstimos com 18 anos de idade, sadia, sabe ainda engomar, fazer tuiote, costurar e cortar figurino. O motivo da venda não desagradará o comprador.”

(Província de São Paulo. 25 de setembro de 1877)

“Fugiu da cidade de Itapetininga o escravo de nome Luiz, cabra 22 anos, altura regular e corpulento, pés grandes, cabelos grenhos, olhos vivos e pequenos, falta de dentes na frente, sabe ler e escrever regularmente, fala bem e muito explicado, muito risonho e fica sempre com papéis nas algibeiras, gosta muito de recitar versos, é pedreiro e copeiro e costuma dizer que é forro, anda descalço. É de Macaé, Rio de Janeiro.”

(Correio Paulistano.18 de agosto de 1877)

FUJÃO

Pede-se a quem encontrar o menor Estevão, muito conhecido aqui dentro da cidade, fugido de casa há 8 dias, o favor de mandar encontrá-lo à rua da Esperança que será gratificado. Ele saiu com calça de algodão de inverno, jaqueta velha e camisa tudo sujo, desconfia-se estar pela Penha, Consolação ou pelas estradas, tem de 9 a 10 anos, é pardo. É escravo e por isso intitula-se às vezes forro.”

(Correio Paulistano. 7 de setembro de 1874)

“Moleque fugido.

Desde quinta-feira anda fugido o escravo Silvestre, natural do Ceará, levou calça embranquecida. Costuma dar-se por livre, mudar de nome e alugar-se para qualquer serviço, outras vezes diz que é cativo de diversas pessoas sem declarar quem é o seu senhor [...].”

(Província de São Paulo. 25 de abril de 1878)

“A Joaquim de Sapaio Goes, conhecido por Quito de Sampaio, morador de Campinas, fugiu no dia 21 de dezembro de 1873 o escravo Rufino, crioulo da Bahia, idade 25 anos mais ou menos, altura regular, bem feito de corpo, cor fula, quase mulato, vermelho, cabelos grenhos, pouca barga, boa dentadura, tem o rosto bem bexigoso, tem o braço direito quebrado, perto da munheca, tem os pés muito largos, os dedos grandes muito abertos, é bem ladino, gosta de cantar e tem boa voz. Quem o prender e levar ao seu senhor, será gratificado. Protesta-se contra quem o tiver açoitado com o rigor da lei.”

(Correio Paulistano. 29 de janeiro de 1878)

“[...] Gregório, idade 26 anos, mais ou menos, mulato caboclo vermelho, boa dentadura, tendo falta de um dos da frente, altura baixo, grosso de corpo, tornando-se bem recalcado, cabelos corredios, bem barbado, tendo as sobrancelhas e bigodes muito serrados, o corpo muito cabeludo. Marinho, idade 25 anos, mais ou menos, alto, bem repartido de corpo, mulato claro, bonito de feições, quando fala ri-se, barba somente no queixo, boa dentadura, ambos são filhos do Ceará, e mostram muito no sotaque serem filhos do norte, ambos tocam viola, e usavam de precatas, foram comprados dos senhores Francisco & Adão [...].”

(Correio Paulistano. 29 de janeiro de 1878)

“Acha-se fugido desde 1º de março do corrente, o escravo Theodoro, pardo, baixo, cabelos corridos e de boa figura, bem feito de corpo, bons dentes e começando a barbear e tendo mais ou menos 22 anos, pagem de serviço doméstico acostumado a lidar com animais, copeiro, entende do ofício de carpinteiro, sabe lidar com máquinas de corte, lê números e faz conta de memória, sabe música, canta e toca flauta e violão e leva-o corpo só roupa de serviço.”

(Correio Paulistano. 6 de maio de 1880)

“400:000 Rs.

Gratifica-se com a quantia acima a quem prender e entregar ao abaixo assinado, em Campinas, os escravos seguintes: Ladisláu, 24 anos, preto estatura regular, bons dentes, prosa e muito risonho, apto para o serviço de roça e cozinha. É natural de Magé, província do Rio, e fugiu da estação de Santa Bárbara em maio de 1876. Marcos, 27 anos, estatura regular, corpo reforçado, cor parda bem clara, cabelos pretos, finos e anelados, pouca barba e pequeno buço. Passa por domador de animais, sabe ler e escrever, entende de cozinha, de pedreiro e de carpinteiro. É natural do Rio Grande do Sul e fugiu em novembro de 1875 da estação de Santa Bárbara. Campinas, 22 de maio de 1878. João J. de Araújo Vianna.”

(Província de São Paulo. 11 de junho de 1878)

“Escravo – fugiu de Bierrenbach & Irmãos, de Campinas, no dia 2 de setembro deste ano, o mulato Rodolpho, de 24 anos, estatura média para baixo, corpo reforçado, fala bem, pisar firme [...] é muito ativo e inteligente, natural de Campos (RJ), professor chapeleiro mas sabe coser em máquina de costura, tendo trabalhado com máquina a vapor no que é prático. Sabe ler.”

(Correio Paulistano. 11 de setembro de 1877)



Para melhor aproveitamento na leitura das fontes disponíveis acima, indico um brilhante texto da profª Marialva Barbosa: "Escravos Letrados: uma página (quase) esquecida"

Disponível em: http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/371/325



Saludos!